sábado, 31 de outubro de 2015

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Atacar e ser atacada. Violar e ser violada. Todos os dias cometemos pequenas agressões contra nós mesmos. O maior problema é achar que isso não é um problema. É achar que isso é uma fraqueza. É não achar o seu limite.

Nossos corpos tem limites, por mais que sejamos pessoas elásticas, não esticamos para sempre. O corpo se rompe, estoura. O ao contrário também, não podemos nos enrijecer dentro de nossos corpos pois ganhamos trincos e rachaduras.

Devemos ser pessoas amorfas, aquelas que conhecem seus corpos e seus arredores. Que se moldam no espaço e se combinam entre si. Aquelas que não rompem e nem enjidecem mas que se  expandem na necessidade e se contraem quando precisam.

A mente é muito sabidinha e já está pronta a saber o que quer. Os corpos esquentam, esfriam, gesticulam. Falam a sua maneira e você nem aí para eles.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

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Meu apetite está outra vez todo trocado. Me sinto mal, apática, fraca. Estou outra vez cansada e com desânimo em relação com a comida. É muito complicado porque biologicamente falando até tenho uma fome, mas ela passa quando penso no que tenho hoje pra comer e fico enjoada.

Não sinto a menor vontade de comer as comidas que sei cozinhar, e elas acabam rstragando. E muito menos comer os melhores bolos que eu sei preparar. Se for a comida que uma outra pessoa que fez, aí mesmo que fico enjoada. Porque o tempero vai estar com um quê de diferente.

O pior disso tudo é que eu sei que eu já gostei e já salivei por todas essas coisas que agora me causam enjôo. Fico triste. Só em alguns certos lugares na rua que ainda são ok e dá pra a comida descer. Aí vem outro problema. Não tenho esse dinheiro de comer fora todo dia.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

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Me sinto melhor. Que errado. Dae a sente tem a ilusão de que não temos uma doença que precisa ser tratada, e não curada. Paro ou esqueço levianente de tomar meus remédios porque a vida está muito boa para eu me preocupar com doenças. ECA. Doença.

A gente quer que isso vá embora. Mas mesmo quando estamos bem, ainda estamos doentes, porque estamos em constante tratamento. E é assim que penso. Isso não significa que não posso levar uma vida estável e boa. Isso significa que terei que me tratar e serei uma doente, aquela que tem uma doença,  para sempre.

E mesmo estando boa, feliz e estável. É muito triste concluir isso. Dói.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

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Estou melhorando minha alimentação. Me alimentar bem, com muitas frutas e tubérculos, me faz me sentir cuidando de mim mesma. Não é emagrecer, a pressão da sociedade em ser de um certo formato. Me sinto fazendo carinho em mim mesma, sei que estou me fazendo bem.

Frutas e tubérculos possuem uns açúcares que são mais demorados de serem absorvidos pelo nosso organismo. É como se fosse um filtro solar que tem horas de duração, eles saciam por mais tempo. Doces e massas possuem uns açúcares que são rapidamente digeridos e rapidamente consumidos, deixando o nosso corpo sentindo falta deles. Eles são como uma explosão, vem muita energia de uma vez só, mas vai embora rápido.

Na ansiedade a vontade de açúcar refinado é mais que aguda, aquilo que rapidamente te conforta. Só que rapidamente vai embora e só fica o vazio, a tristeza e a vontade de mais. Penso que toda vez que opto por uma fruta na sobremesa e não um doce, estou me protegendo para que na hora da ansiedade não seja tão ruim.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

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Ando enjoada dos novos remédios. Tenho tido muitas coisas para fazer e nenhuma vontade de vir postar aqui. A mente tem muitas ideias para crescer, expandir e criar. O corpo ainda não tem a mesma saúde. Temos que andar num mesmo ritmo, pois ou se aflinge por não realizar ou se machuca colocando mais do que pode. Balancearemos então, tentaremos então.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

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Coisas do dia a dia. Primeiro que não consigo fazer tudo num dia. Fico angustiada. Fico estressada. Difícil. Decidi há um tempo que faço só duas coisas por dia. Esse é um bom número. No caso pra mim é o número máximo de coisas que consigo. E assim consigo ser produtiva e não me estressar. Portanto, de uns dias pra cá resolvi que iria trabalhar no meu máximo. Para acostumar com ele e tentar aos poucos aumentar a eslasticidade dessas só-duas-coisas-por-dia.

O primeiro dia foi tranquilo. O segundo dia também. O terceiro dia eu já estava respirando fundo e pensando, ok, você da conta de fazer tudo. Depois de um tempo as duas coisas diárias já não me sufocavam tanto e passei para cinco coisas diárias. É bem dificil! Já tive uma crise de ansiedade do metrô, achando que não ia dar tempo de fazer tudo. Mas estou tentando. Não todos os dias, pois cinco coisas diárias são muitas coisas ainda para mim. Mas tento sempre expandir meus limites.

sábado, 8 de agosto de 2015

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A maior dificuldade está quando acordamos. A cama é para além de uma amiga. Amorosa, te acolhe, te abraça, te envolve e te sufoca. Saber sair desse marasmo enfermo é o mais difícil. O impulso primário nos falta. Se naqueles trinta minutos de sonolência não houve uma resposta positiva, aumenta a dificuldade do esforço necessário.

Levantar-se vira uma questão: porque deveria? O que a sociedade oferece para que se deva fazer tamanho esforço? O mundo continua igualmente a ontem e será minimamente igual amanhã. Levantar-se é viver. E continuar ali, dormir, a pairar sobre seus pensamentos, é morrer. Todos os dias escolhemos de alguma maneira se queremos viver ou morrer.

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Há muito tempo não escrevo aqui.  Deve ser sinal que estou melhor. Deve ser sinal que não cuido mais de mim. Deve ser sinal que não ligo mais tanto para minha bipolaridade. Não sei mesmo. Vou tentar escrever pelo menos uma vez na semana.

Tomei frente nas minhas decisões e diminuí meus remédios. Dizer que ando motivada, que acordo descansada ou ainda que existe vontade de sair e abraçar uma árvore, não. Não poso dizer. Estou melhor, mas o melhor não é o aceitável ainda.

Tenho sempre me questionar em tudo e conhecer o meu corpo para nao dar margem à crises de ansiedade. Descobri que meu atual limite é de fazer duas coisas por dia. Se agendar mais, ficarei aflita. Então trabalho sempre no limite, para acostumar com ele e tentar esticá-lo, pouco a pouco, e com segurança.

É horrível, me sinto as vezes inválida e fracassada. Mas eu por outro lado sei que a recuperação é lenta e que se eu forçar, retrocederei. A sociedade nos empurra para a pressa do aqui e agora mas não necessariamente estamos prontos pro imediatismo que sempre nos sufoca. É triste, mas é verdade.

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Todo mundo que quiser falar comigo pode deixar recado, eu responderei a partir de agora. Sou um pouco reservada então não sei se responderei exatamente o que quiser.
Não gosto de nomear remédios. Acho q estão na pauta entre o médico e o paciente. Converse sobre isso com seu médico, minhas experiências podem ter sido terríveis mas o remédio pode ser bom pra você. É isso.

sábado, 3 de janeiro de 2015

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Virou o ano, passando os últimos dez dias com a maior animação e vontade de ir e fazer.  Dia três. Tudo volta ao normal. A depressão cai em cima. Você percebe que a vida não é mágica e feliz como o período entre festas. A listas de tarefas que há par cumprir e grande e só se acumula. O calor permite a lentidão se espalhar pela casa. E o desânimo toma conta. Merda